Império de Mali


O Império de Mali entrou em decadência a partir do final do século 14, em função das disputas políticas internas e das incursões dos tuaregues (povo berbere), sendo conquistado, no século 15, pelos songais (povo africano até então dominado por Mali). Foi nesse mesmo século que os portugueses, em pleno processo de expansão marítima, conheceram o já decadente Mali.



Império de Mali


O Reino de Mali era, a princípio, uma região do Império de Gana habitada pelos mandingas. Era composto por 12 reinos menores ligados entre si, e tinha como capital Kangaba. Os mandingas chamavam seu território de Manden (= terra dos mandingas).

Após anos de guerras entre os soninquês de Gana e os almorávidas (século 11), e depois das guerras com os sossos (século 12), Mali conseguiu sua independência e adotou o islamismo. E, apesar de passar por um período de crise política e econômica, conseguiu se restabelecer e, em 1235, os mandingas de Mali conquistaram o território do antigo Império de Gana, sob a liderança de Maghan Sundiata, que recebeu o título de Mansa, que na língua mandinga significa "imperador".



O nome que os mandingas davam ao seu império era Manden Kurufa; o nome Mali era usado por seus vizinhos, os fulas, para se referir ao grande império. Manden Kurufa significa Confederação de Manden. A capital era Niani (atualmente uma aldeia na República da Guiné).

Ao contrário do Império de Gana, que somente se preocupava em manter os povos dominados, a fim de controlar o comércio regional, o Império de Mali se impôs de forma centralista, estabelecendo fronteiras bem definidas e formulando leis por meio de uma assembleia chamada Gbara, composta por diversos povos do império. A aplicação da justiça era implacável, tanto que vários viajantes se referiam aos povos negros como "os que mais odeiam as injustiças - e seu imperador não perdoa ninguém que seja acusado de injusto". Acredita-se que o Império de Mali tivesse a extensão da Europa Ocidental.

O Império de Mali se tornou herdeiro do Império de Gana, pois passou a controlar todo o comércio local. O ouro extraído por Mali sustentava grande parte do comércio no Mediterrâneo. Conta-se que, entre 1324 e 1325, Mansa Mussa, em peregrinação a Meca, parou para uma visita ao Cairo e teria presenteado tantas pessoas com ouro, que o valor desse metal se desvalorizou por mais de 10 anos.

Também sob o reinado de Mussa, a cidade de Timbuktu (ou Tombuctu) se tornou uma das mais ricas e importantes da região. Sua universidade era um dos maiores centros de cultura muçulmana da época, e produziu várias traduções de textos gregos que ainda circulavam nos séculos 14 e 15. A grandiosidade de Timbuktu atravessou os tempos e, no século 19, exploradores europeus se embrenharam pelos caminhos africanos, seguindo o rio Níger, em busca da lendária cidade.


Cidades iorubás

A partir do século 9 formaram-se as cidades da civilização iorubá, na região da atual Nigéria, já habitada por esse povo desde o século 4.Os iorubás nunca unificaram suas cidades, mas mantiveram a mesma cultura (língua, religião etc.). A cidade iorubá mais importante era Ifé, considerada sagrada, por ser o berço dos iorubás, segundo a crença local. Outra cidade importante foi Oyo, um centro militar que, no final do século 17, tinha se expandido até Daomé (atual Benin).Ifé foi um grande centro artesanal e artístico, e era governada por um rei sacerdote que tinha o título de Oni, enquanto nas outras cidades os governantes recebiam o título de Oba.
Apesar do cristianismo e do islamismo terem chegado até os iorubás, a maioria desse povo sempre se manteve fiel às antigas tradições politeístas locais, sendo os orixás os seus deuses.
Ao contrário do que se acredita, a crença nos orixás não se expandiu pela África, mantendo-se exclusivamente iorubá. Mas como muitos iorubás (chamados de nagôs ou anagôs pelos portugueses) foram transformados em escravos e trazidos à força para a América, o culto aos orixás se misturou ao cristianismo imposto por portugueses e espanhóis, criando vários sincretismos religiosos que fazem parte da cultura americana, como, por exemplo, o Candomblé e a Umbanda, no Brasil, e o Vodu no Haiti (apesar de o Vodu também receber influências de outras culturas africanas).
A partir do século 15, as cidades iorubás iniciaram seu processo de declínio (apesar de Oio ter se mantido até o século 19). Muitos pesquisadores acreditam que a falta de unidade política foi uma das causas desse declínio, já que os iorubás não tiveram condições de se fortalecer para enfrentar o processo de escravização que lhes foi imposto.
Érica Turci é historiadora e professora de história formada pela USP.
Bibliografia
LABALETTE, François. "Em busca do eldorado africano". In Revista História Viva, Editora Duetto, nº 79.
GIORDANI, Mário Curtis. História da África anterior aos descobrimentos. Rio de Janeiro: Vozes, 1985.
MUNANGA, Kabengele. Origens africanas do Brasil contemporâneo. São Paulo: Global, 2009.
SILVA, Alberto da Costa. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008.








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